Curitiba / PR - segunda-feira, 29 de abril de 2024

Transtornos Obsessivo-Compulsivo (TOC)

TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

 

As primeiras descrições desse transtorno datam de muitos séculos. Retratam pessoas que possuíam comportamentos excêntricos, como de checagens, descontaminação, rituais para higiene pessoal, colecionismo, ou que apresentavam pensamentos indesejáveis, incontroláveis e  recorrentes sobre temas reconhecidos por seus protadores como desagradáveis e assutadores.

Por compartilhar sintomas semelhantes com outros transtornos psiquiátricos, não é incomum que o TOC não seja reconhecido, ou acabe sendo confundido com outra doença. Sendo assim, seu diagnóstico é considerado difícil, necessitando de uma boa compreensão psicopatológica por parte do avaliador. Muitos pacientes podem receber diversos diagnósticos antes de serem reconhecidos como portadores de TOC.

 

Existem duas dimensões de sintomas que podem definir o TOC: As OBSESSÕES e as COMPULSÕES. As compulsões, que talvez sejam melhor definidas como RITUAIS, surgem como neutralizadores, antídotos comportamentais ou apenas para aliviar as angústias causadas por uma obsessão.

 

OBSESSÕES descrevem um fenômeno COGNITIVO, isto é, que ocorrem ao nível do PENSAMENTO. Podem ser idéias, imagens, impressões ou conceitos que surgem no pensamento de uma pessoa de forma INVOLUNTÁRIA e INCONTROLÁVEL, cujo conteúdo é percebido pela pessoa como DESAGRADÁVEL, ASSUSTADOR, REPUGNANTE e INCÔMODO. Os tipos mais comuns de obsessões são:

 

AGRESSÃO

Um pensamento de agredir deliberadamente uma pessoa ou um grupo de pessoas, sem que exista desejo ou motivo para tal. Muitas vezes o "alvo" de uma obsessão de agressão pode ser um ente querido, como pais, filhos, irmãos ou conjuges, bem como pessoas completamente desconhecidas. O portador desse tipo de obsessão começa a ter medo de perder o controle desse impulso agressivo, causando sofrimento psicológico importante.

 

CONTAMINAÇÃO

Idéias de contaminação bizarras, ilógicas e que são reconhecidas pelo seu portador como absurdas, embora não vão embora da sua cabeça (ex. ter se contaminado com HIV ao utilizar um corrimão, trazer sujeira contaminante da rua para dentro de casa). Essa contaminação pode até mesmo ser em um nível moral, com pensamentos obscenos contaminando objetos e pessoas. Por muitas vezes serem pensamentos bizarros, as pessoas que experimentam esse tipo de obsessão tem dificuldades em falar sobre eles com familiares e amigos, com medo de serem consideradas "loucas".

 

DÚVIDA

Obsessões de dúvida podem surgir como uma dificuldade de confiar na competencia de ter feito determinada ação de forma correta, como trancar uma porta, checar o fechamento de instalações de gás (como a boca de um fogão), levando a rituais de checagem que podem tomar muito tempo, causando atrasos inexplicáveis no dia a dia.

Em crianças, podem ocorrer dúvidas patológicas na execução de tarefas de casa, como a escrita correta de palavras ou assinalar corretamente uma questão em um teste escolar. Muitas vezes a criança precisa que um colega ou um adulto lhes ajudem a conferir se o que escreveram ou assinalaram está correto, para poderem passar a próxima questão.

 

SORTILÉGIO

Pensamentos incontroláveis e invasivos que tem como tema um evento negativo, ou uma consequencia terrível para o portador desse pensamento ou de pessoas queridas a sua volta, relacionado a uma causa mágica ou ilógica. (ex. o pensamento de que pisar nas divisórias de um piso de lajotas pode dar azar, fazer um ente querido adoecer; pensar numa palavra específica e esse pensamento ter o poder de causar um acidente muito grave).

Muitas vezes surgem comportamentos ritualísticos, sem qualquer valor prático para a pessoa, que "neutralizam" o evento negativo causado pela obsessão, como fazer tipos específicos de orações, formas muito peculiares de contagem ou de evitações.

 

COLECIONISMO

Obsessões que causam muita angústia no seu portador ao se deparar com situações nas quais precisa descartar, jogar fora ou se desfazer de alguma coisa sem utilidade, valor sentimental, econômico ou prático. Isso pode levar ao acúmulo de objetos inúteis, ou mesmo lixo em casa. O colecionismo também pode levar seu portador a trazer coisas de rua para casa, sem nenhum valor pragmático, como placas, instrumentos descartados em lixeiras, etc.

 

 

Embora seja explorado de uma forma caricatural pelo cinema e mídia televisiva, o TOC está longe de ser uma condição benigna para seus portadores. As pessoas que sofrem com o TOC tem chances aumentadas de sofrerem de transtornos ansiosos, depressão e alcoolismo, além de terem um risco maior para o suicídio.

 

O tratamento para o TOC é complexo, envolvendo o uso de medicações e psicoterapias específicas, porém é possivel aliviar de forma significativa os sintomas tanto obsessivos quanto ritualisticos, melhorando dramaticamente a qualidade de vida de seus portadores.